sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ludicidade: o brincar e a formação do indivíduo.


Uma das atividades mais presentes e de maior preferência na vida da criança é o brincar. Podendo ser considerada como parte integrante da infância, as atividades lúdicas proporcionam a formação cognitiva e social da criança de forma prazerosa, além de ser um modo mais efetivo da comunicação infantil. Através das brincadeiras a criança começa a construir seu sistema de significação e consegue vivenciar no faz de conta à própria realidade.

Esse processo de construção do ser cognoscente tem início no seio familiar, onde tudo ocorre de forma livre sem uma sistematização ou obrigatoriedade. Porém, considerando que a criança precisa se tornar um indivíduo social e dotado de conhecimentos necessários para sua vida como ser participante da sociedade e sendo capaz de exercer seu direito de cidadão, a escola entra nesse processo de formação do sujeito. Com isso, verifica-se a grande importância da Escola nesse processo e o comprometimento que essa deve manter com cada fase da vida do educando, em especial a infância.

Infelizmente o que encontramos na escola é um desrespeito ao lúdico, é a apropriação desse termo para manter modelos medievais de competição, recompensa, punições, obediência... Modelos estes trazidos pelos nossos colonizadores e conservados até dias atuais.

Na verdade o que ocorre nas escolas é a utilização do lúdico como forma de controlar a classe, forma de transmitir uma visão de mundo homogeneizada e às vezes até preconceituosa. E verificar essas informações não é tão difícil, basta pegarmos uma música que fala “quem vai chegando vai ficando atrás, menino educado é assim que faz...” ou quem sabe aquela historinha que fala de uma menina “branca feita à neve”, ou até mesmo os jogos que decidem o 1° lugar da turma. Isso é ser lúdico? Isso é trabalhar com a criança a partir de seu sistema de significação? Isso é formar cidadãos autônomos? Penso que não. Penso que ainda estamos longe de formar para autonomia, formar consciência crítica. E quanto a ludicidade, penso que o maior erro é não entender a ludicidade, é não viver a ludicidade. O ser humano é lúdico por natureza, pois cria, explora, constrói... E nós como professores, temos a obrigação de não matar o lúdico muito menos acorrentá-los a ideologias, pelo contrário temos é que vive-lo da melhor forma possível, temos que aproveitar todo o conhecimento lúdico dos nossos alunos, pois eles sim são os “mestres em ludicidade”. Isso não significa, porém, que deixaremos tudo no brincar por brincar, pelo contrário abriremos o caminho nas brincadeiras para efetivar aquela construção do ser social e cognoscente já citado anteriormente.

Pensar a ludicidade como a ação do movimento vivido e não apenas como produto da atividade “possibilita a quem a vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos de vida” (Anne Almeida) e essa é a nossa função de educadores, proporcionar sensações e conceitos novos que chegarão a criança com maior facilidade através do lúdico. E isso só se dá quando percebermos que não somos donos de todos os conhecimentos, mas mediador da aprendizagem.

Referências:

A Música e o Jogo da Aprendizagem. Jogos Cantados. Disponível em: <http://www.jogoscantadosbahia.com/texto_amusicaeojogo.htm>. Acesso em: 4 set. 2009.

MARCELLINO, Nelson Carvalho (org.). Lúdico, educação e educação física. 2. ed.

POLLETO, Raquel Conte. A ludicidade da criança e sua relação com o contexto familiar.